terça-feira, 31 de março de 2015

As Diferentes abordagens em terapia de casal

Diferentes abordagens em terapia de casal: uma articulação possível?


Terezinha Feres-Carneiro1
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
fonte: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1994000200006


DEMANDA E INDICAÇÃO EM TERAPIA DE CASAL

O compromisso da terapia é com a promoção da saúde emocional dos membros do casal e não com a manutenção ou a ruptura do casamento. A rigidez e a estereotipia quase sempre caracterizam a patologia, enquanto a flexibilidade e a possibilidade de mudança apontam para a saúde. Em alguns casos, a mudança de um dos membros do casal em terapia, ou da interação conjugal, leva à ruptura do casamento. Em outros, é a rigidez e a impossibilidade de mudar que levam a tal ruptura.

A terapia de casal pode ser considerada como um caso particular de terapia familiar. As indicações de terapia de casal, para Lemaire (1982), estão sobretudo relacionadas a certos tipos de funcionamento conjugal onde as codificações tomaram-se mais complexas entre os cônjuges que, ou funcionam de um modo simbiótico ou fusionai, ou, ao contrário, defendem-se intensamente de tudo que poderia ser uma ameaça de funcionamento simbiótico ou fusional. É o que leva certas pessoas a brigarem e a ficarem agressivas a partir do momento em que experimentam ternura ou desejo de felicidade fusionai ou regressiva. Para estas pessoas aparentemente tão "individualizadas", trata-se de formações reativas muito marcadas.
Neuburger (1988), ao discurtir a questão da especificidade da abordagem terapêutica - individual, familiar ou de casal ressalta que não se pode falar de tal especificidade, sem se falar de especificidade da demanda. Para ele, a demanda é constituída de elementos entre os quais figuram o sofrimento, o sintoma e a queixa. Na clínica de casais constata-se um sofrimento referido especificamente ao casal, sintomas conjugais e uma queixa centrada nos problemas do casal.

Lemaire (1987) mostra como a escolha entre terapia individual e terapia de casal não é sempre evidente. Há os que demandam terapia de casal para escapar a um questionamento pessoal, individual e, neste caso, o terapeuta deve encaminhálos a terapias individuais. Mas, inversamente, muitos terapeutas desconhecem ainda o caminho clínico que a terapia de casal pode abrir para o tratamento de pessoas mal individualizadas. Diante das disfunções individuais, que estão relacionadas a um clima simbiótico entre os cônjuges, os terapeutas, muitas vezes, indicam terapias individuais como solução para este problema. Isto significa compreender mal o sentido da colusão inconsciente que presidiu à fundação do casal. Por isto, muitas das terapias individuais são interrompidas prematuramente.

Muitas vezes, é apenas no casal que alguns sujeitos podem metabolisar um certo número de suas tendências arcaicas e regressivas, que ficariam sem vir à tona, podendo se exprimir apenas de maneira patológica ou associai. Diante do casal, o clínico tem um acesso privilegiado a uma mobilização psíquica individual, que ficaria inacessível.
Para Eiguer (1984), a terapia de casal representa, muitas vezes, uma demanda de um segundo e último ritual de casamento. Assim, o terapeuta de casal estaria colocado, pelos cônjuges, mais perto da lei do que do desejo. Para este autor, os problemas conjugais estão situados em relação aos dois universos pessoais dos parceiros, à parte que não quer admitir a especificidade da outra. Seria um combate entre dois narcisismos individuais.
Willi (1978) ressalta que o resultado mais importante da terapia de casal é o conhecimento da temática fundamental do conflito colusivo vivido pelos cônjuges. Os parceiros, antes, em suas posições polarizadas, acreditam que não tinham nada em comum. A terapia vai mostrar que, com seus problemas, estão no mesmo barco. O que antes consideravam que os separava é agora o que os une. O objetivo é não tornar os temas fundamentais colusivos ineficazes, mas levar o casal a um equilíbrio livre e flexível. São as posturas extremas rígidas, nas quais os cônjuges se fixam, que tornam a relação menos saudável. Se vividos com flexibilidade, os temas da colusão se convertem em enriquecimento recíproco.

Em Féres-Carneiro (1980), ressaltamos a relação entre sintomas apresentados por crianças e dificuldades existentes nas relações estabelecidas pelos seus pais, sobretudo enquanto casais. Para propiciar um clima familiar adequado ao desenvolvimento sadio das crianças é preciso que os pais funcionem como o modelo de uma relação homem-mulher gratificante.

Neste estudo, relatamos nossa experiência clínica no tratamento de oito casais de classe média, durante um período de dois anos. O tempo médio de atendimento foi de oito meses, variando entre três meses no mínimo e 1 ano e 8 meses no máximo. Cada casal foi atendido em sessões de uma hora de duração. Seis casais tiveram duas sessões semanais e dois casais apenas uma sessão por semana. A análise dos dados clínicos obtidos através do tratamento dos oito casais mostra que embora cinco deles tenham vindo ao consultório buscar ajuda para seus filhos, que estavam com problemas de comportamento, tais problemas eram uma conseqüência das perturbações e dos conflitos existentes na relação do casal. Em apenas dois dos casos, os filhos precisaram ser vistos em sessões de avaliação familiar; e, em apenas um caso, um filho precisou ser posteriormente encaminhado para psicoterapia. O trabalho realizado nos deixa concluir que na maioria das vezes os distúrbios de comportamento apresentados pelas crianças encontram suas raízes na relação dos pais e que, quase sempre, é suficiente uma intervenção ao nível do casal para que haja uma remissão de grande parte dos sintomas apresentados pelos filhos.


ABORDAGENS SISTÊMICAS OU COMUNICACIONAIS EM TERAPIA DE CASAL


Diferentemente da teoria psicanalítica, que teve suas raízes no início deste século, as teorias que influenciaram as formulações teóricas dos autores das escolas sistêmicas em terapia de família e de casal desenvolveram-se na segunda metade do século. Em 1948, Wiener publicou o livro Cybernetics e, na década seguinte várias ciências começam a enfatizar os sistemas homeostáticos com processos de retroalimentação (mecanismos de feedback) que tornam os sistemas auto-corretivos. No início da década de 50, Bertalanffy (Bertalanffy, 1973) desenvolve a Teoria Geral dos Sistemas que, juntamente com a Cibernética e a Teoria da Comunicação, muito influenciaram os desenvolvimentos teórico-técnicos da terapia sistêmica de família e de casal.

Os sistemas interacionais são conceituados como dois ou mais comunicantes no processo de definição da natureza de suas relações (Féres-Carneiro, 1983). O sistema familiar e o sistema conjugal são vistos como um circuito de feedback negativo, constantemente regulado, na medida em que tendem a preservar seus padrões establecidos de interação, buscando sempre um equilíbrio, que é mantido pelas regras de interação familiar ou conjugal.

Os axiomas básicos da teoria da comunicação são apresentados por Watzlawick et al. (1973), que discutem os efeitos comportamentais da comunicação humana. Para estes autores, todo comportamento numa situação interacional tem valor de mensagem, ou seja, é comunicação. 

Outro axioma importante é o de que qualquer comunicação implica um envolvimento e, como conseqüência, define a relação. Para Bateson et al. (1956), essas duas operações constituem, respectivamente, os níveis de relato e de ordem presentes em qualquer comunicação. Quando estes dois níveis se contradizem, temos um paradoxo. Bateson e o grupo que com ele trabalhava no Hospital de Veteranos de Palo Alto, numa pesquisa sobre comunicação e esquizofrenia, desenvolvem o conceito de duplo vínculo, ou seja, um padrão comunicacional repetitivo presente com freqüência significativa nas famílias com pacientes esquizofrênicos. Os estudos de Bateson (1935) deram origem à caracterização da comunicação por Watzlawick et al. (1973) como simétrica ou complementar, a partir de relações baseadas na igualdade ou na diferenciação. Tanto os comportamentos complementares como os simétricos podem ser apropriados, dependendo do contexto em que se colocam. O problema surge quando uma relação, se cristaliza numa destas classes, tornando-se rigidamente simétrica ou complementar.

A família e o casal são vistos como sistemas equilibrados e o que mantém este equilíbrio são as regras do funcionamento familiar e conjugal. Quando, por algum motivo, estas regras são quebradas, entram em ação meta-regras para restabelecer o equilíbrio perdido.
A terapia desenvolvida a partir deste enfoque enfatiza a mudança no sistema familiar e conjugal pela reorganização da comunicação entre os membros. Não se trata de trazer conteúdos reprimidos à consciência. O passado é abandonado como questão central pois o foco de atenção é o modo de comunicação das pessoas no momento atual.


Os terapeutas comunicacionais se abstêm de fazer interpretações na medida em que assumem que novas experiências - no sentido de um novo comportamento que provoque modificação no sistema familiar ou conjugal - é que geram mudanças. Neste sentido, são usadas prescrições nas sessões terapêuticas para mudar os padrões de comunicação e prescrições fora das sessões com o objetivo de encorajar uma gama mais ampla de comportamentos comunicacionais no sistema familiar e conjugal. Há uma concentração no problema presente e o comportamento sintomático é visto como uma resposta adequada ao comportamento comunicativo que o provocou.

Nas abordagens sistêmicas destacaremos a escola estratégica de Jay Haley e a escola estrutural de Salvador Minuchin.



ESCOLA ESTRATÉGICA

Para Haley (1979), o que caracteriza o sistema familiar e o sistema conjugal é a luta pelo poder. O termo "estratégico" é utilizado por ele para descrever qualquer terapia em que o terapeuta realiza ativamente intervenções para resolver o problema. Para que uma terapia seja bem sucedida é preciso que comece adequadamente. Isto é, através da negociação de um problema solucionavel e da descoberta da situação social e familiar que o mantém.
Ao discutir o conceito de "diretivas terapêuticas", Haley (1973) fala da influência que sofreu do trabalho de Milton Erickson. As diretivas ou tarefas propostas à família ou ao casal têm, em primeiro lugar, o objetivo de fazer com que as pessoas se comportem diferentemente e, como resultado, tenham experiências subjetivas diferentes. Em segundo lugar, as diretivas são usadas para intensificar o relacionamento com o terapeuta. E, finalmente, têm o objetivo de obter informações sobre os pacientes e sobre como responderão às mudanças desejadas.

A escola estratégica é também identificada com o trabalho de Weakland, Fish, Watzlawick e Bodin que, em 1974, publicaram o artigo Brief therapy: focused problem resolution, onde apresentam as idéias fundamentais de seu trabalho, isto é, focalizam interações comportamentais observáveis no presente e intervêem deliberadamente para alterar o sistema em andamento. Para estes autores, a brevidade não é uma meta em si, embora traga vantagens práticas e econômicas; mas o que postulam é que estabelecer limites de tempo no tratamento tem influência positiva tanto no terapeuta como no paciente.

Os teóricos da escola estratégica apresentam alguns princípios fundamentais do seu trabalho terapêutico: 1) a orientação franca para o sintoma; 2) a visão dos problemas como dificuldades de interação; 3) a visão dos problemas como uma super-ênfase ou uma sub-ênfase nas dificuldades do viver cotidiano; 4) a busca de resolução dos problemas através da substituição dos padrões de comportamento; 5) a utilização de meios que podem parecer ilógicos para promover mudanças; 6) o "pensar pequeno" focalizando o sintoma; 7) a adoção de uma abordagem pragmática na terapia: abordam-se as interações e os porquês são evitados.



ESCOLA ESTRUTURAL

O principal teórico da escola estrutural é Salvador Minuchin para quem a família é um sistema e o casal um sub-sistema que se definem em função dos limites de uma organização hierárquica. O sistema familiar diferencia-se e executa suas funções através de seus sub-sistemas.
As fronteiras de um sub-sistema são as regras que definem quem participa e como participa de cada sub-sistema, e para que o funcionamento da família seja adequado, elas devem ser nítidas. Em algumas famílias tais fronteiras são muito rígidas e em outras muito difusas. Estes dois extremos de funcionamento das fronteiras são classificados respectivamente como "desligado" e como "aglutinado" e indicam áreas de possíveis patologias (Féres-Carneiro, 1983).

A terapia estrutural de família é definida por Minuchin (1982) como sendo uma terapia de ação para modificar o presente e não para explorar ou interpretar o passado. O objetivo da intervenção do terapeuta é o sistema familiar ao qual ele se une, utilizando-se a si mesmo para transformá-lo. Mudando a posição dos membros da família ou do casal no sistema, o terapeuta modifica as exigências subjetivas de cada membro.
Para Minuchin, a transformação do sistema familiar ou do sistema conjugal inclui três passos importantes: o terapeuta deve unir-se à família ou ao casal, desempenhando o papel de líder; deve descobrir e avaliar a estrutura familiar ou conjugal; e deve criar circunstâncias que permitam a transformação desta estrutura. Neste processo de reestruturação, o terapeuta então age tanto como "diretor" quanto como "ator" no drama familiar. Como "diretor", ele cria cenários, coreografias, dá realce a temas e leva os membros da família ou do casal a improvisarem; como "ator", ele atua promovendo alianças e coalizões, criando, fortalecendo ou enfraquecendo fronteiras, sempre tentando colocar desafios aos quais os membros da família ou do casal devem se "acomodar" para, com isto, "descristalizar" padrões transacionais desadaptativos.

As mudanças terapêuticas na escola estrutural são provocadas pelas chamadas operações reestruturadoras. Mmuchin (1982) descreve as seguintes operações de reestruturação: 1) efetivação de padrões transacionais; 2) delimitação de fronteiras; 3) escalonamento de estresse; 4) distribuição de tarefas; 5) utilização dos sintomas; 6) manipulação do humor; 7) apoio ou orientação.


ABORDAGENS PSICANALÍTICAS OU PSICODINÂMICAS EM TERAPIA DE CASAL


Nas abordagens psicanalíticas ou psicodinâmicas das terapias de família e de casal há uma ênfase no passado, na história, tanto como causa de um sintoma quanto como meio de modificá-lo. Para os teóricos destas abordagens, os sintomas apresentados pelos membros da família ou do casal são decorrências de experiências passadas que foram reprimidas fora da consciência. Na maior parte das vezes, portanto, o método terapêutico utilizado é o interpretativo e os tratamentos são de mais longa duração.
Diferentes autores podem ser agrupados nas escolas psicanalíticas ou psicodinâmicas em terapia familiar e de casal. Destacaremos as propostas de Lily Pincus e Christopher Daré e de Alberto Eiguer e André Ruffiot.

O CONTRA TO SECRETO DO CASAMENTO: PINCUS E DARE
Pincus e Dare (1981) baseiam seu estudo sobre o casamento em princípios gerais que são maneiras de encarar qualquer relacionamento. O primeiro deles é de que as motivações que levam as pessoas ao casamento, sustentam suas perturbações e lhes dão qualidades particulares são, em grande parte, inconscientes. Tais motivações podem ser mantidas fora da consciência de modo que sua existência seja percebida somente indiretamente. Portanto, para estes autores, raramente é possível saber, questionando diretamente, qualquer razão convincente do porquê da escolha do parceiro, ou qual a natureza do casamento.

Os processos de projeção que ocorrem em todo tipo de relacionamento são especialmente poderosos nas relações que têm laços emocionais mais fortes. O casamento oferece, portanto, um campo particularmente fértil aos mecanismos projetivos. Na escolha original do parceiro, a projeção joga um papel muito importante na medida em que um se encontra apto e desejoso de aceitar e atuar, pelo menos em parte, algo daquilo que o outro necessita projetar nele.

Tais escolhas podem ter aspectos profundamente terapêuticos se cada um dos parceiros conseguir constatar no outro aqueles aspectos de si mesmo que não conseguiu desenvolver. O uso da projeção no casamento não é apenas uma tentativa de livrar-se de sentimentos indesejados ou de alguns aspectos do self. Por que agora são vividos pela pessoa amada, tais sentimentos podem perder um pouco da ansiedade que costumavam produzir e, com o tempo, podem até parecer aceitáveis para retornar ao self As vezes, sentimentos ou aspectos do selfpodem ser aceitos no parceiro mas não podem ser expressados diretamente pelo sujeito.

Por outro lado, a mesma dinâmica que levou à escolha original, na tentativa de resolver ansiedades, pode conduzir o casal a um círculo vicioso: o parceiro que projetou aspectos temerosos de si mesmo no outro pode dissociar-se, cada vez mais, forçando assim o outro a expressá-los de maneira exacerbada e o resultado é um aumento de ansiedade para ambos.

O segundo princípio que norteia a abordagem de Pincus e Dare, tanto no casamento como nas relações humanas em geral, é que nos relacionamentos duradouros, considerados importantes pelos participantes, há geralmente uma complementariedade das necessidades, anseios e medos que fazem parte da vida a dois. Este princípio é baseado no primeiro na medida em que deixa claro que o acordo que mantém a complementariedade é inconsciente e, geralmente, implica também o uso da projeção.

O terceiro princípio que norteia a abordagem destes autores sobre a relação conjugal, é o de que muitos dos anseios e medos inconscientes que fazem parte do "contrato secreto" do casamento provêm, principalmente, dos relacionamentos da infância. Isto significa que todas as pessoas tendem a padrões repetitivos de relacionamento, que são motivados pela persistência dos desejos numa forma de fantasia inconsciente e derivados da forma como as primeiras necessidades foram satisfeitas. No casamento, muitas vezes, o aspecto repetitivo da seqüência da escolha é literal, como por exemplo, quando uma mulher cuja infância foi prejudicada por um pai alcoólatra acaba casando-se com um alcoólatra, divorcia-se dele e novamente repete a situação.

O quarto e último princípio, descrito por estes autores, é o de que estes padrões repetitivos de relacionamento são sobretudo derivados da época em que a criança se dá conta da intensidade dos seus anseios em relação aos pais, ao mesmo tempo em que reconhece que estes formam um casal do qual ela é excluída, ou seja, da vivência do Complexo de Édipo.

A abordagem terapêutica com casais proposta por estes autores leva em conta, ao longo de todo o processo terapêutico, o resgate da histórica de cada cônjuge e da história da relação conjugal norteada pela consideração dos quatro princípios acima descritos.

TERAPIA PSICANALÍTICA DE CASAIS: RUFFIOT E EIGUER

André Ruffiot e Alberto Eiguer são os principais representantes da abordagem psicanalítica de família e de casal também chamada de abordagem grupalista. Os desenvolvimentos teóricos propostos por Bion (1965). Anzieu (1975) e Kaês (1976) para os grupos terapêuticos são aplicados pelos grupalistas à clínica do grupo familiar e do grupo conjugal, considerando que o funcionamento psíquico inconsciente destes grupos apresenta peculiaridades que os distingue do funcionamento do indivíduo.

Para os grupalistas, o casal é concebido como uma estrutura com características próprias e interações peculiares sem desconsiderar as particularidades dos indivíduos que o compõem. Se, por um lado, o cônjuge funciona como um suporte real para o objeto interno e nele são depositados os aspectos narcísicos do sujeito, por outro, ele não é um objeto passivo e seu funcionamento tem conseqüências na relação.
Ruffiot (1981) postula o conceito de aparelho psíquico familiar que se edifica na zona psíquica obscura, indiferenciada, dos diferentes membros do grupo familiar e ressalta que a terapia familiar psicanalítica trata tal aparelho e não os psiquismos individuais.
Eiguer (1984) identifica três organizadores da vida conjugal inconsciente: a escolha de objeto no momento da instalação da relação amorosa, o eu conjugal e os fantasmas partilhados pelos membros do casal.

O primeiro organizador, a escolha do parceiro, é articulado ao complexo de Édipo de cada cônjuge e tem um valor semelhante ao das formações de compromisso insconsciente, como o sintoma ou o lapso. Possui, portanto, uma função defensiva e contribui para a economia libidinal.

O segundo organizador, o eu conjugal, é formado pela consonância dos vínculos narcísicos e compostos por representações compartilhadas pelos cônjuges que levam a um ideal de ego conjunto. Ele é responsável pelo sentimento de pertencimento, pela formação de uma "pele conjunta"na expressão criada por Anzieu (1975).

O terceiro organizador, a interfantasmatização, é definido como o ponto de encontro dos fantasmas individuais, próximos por seu conteúdo, que organizam os vínculos libidinais e os vínculos narcísicos do casal.

A proposta da terapia psicanalítica de casal é a de tratar conjuntamente os dois parceiros, como um todo, através da relação transferencial. Neste trabalho Ruffiot (1981) privilegia as produções imaginárias informando a família ou o casal, desde o início do processo terapêutico, da importância de relatar seus sonhos nas sessões com o objetivo de tornar conscientes os vínculos que os unem e de retomar a interfantasmatização psíquica. Desde a primeira entrevista também é enunciada a regra da associação livre que aciona mecanismos regressivos permitindo perceber o funcionamento do aparelho psíquico do grupo familiar ou conjugal.

A terapia psicanalítica de casal tem, portanto, como objeto de trabalho o inconsciente conjugal, mundo fantasmático compartilhado, assim como afetos, tensões e defesas comuns. Um de seus principais objetivos é a percepção das forças inconscientes que originaram a relação, provocaram a escolha amorosa e contribuíram para os atuais conflitos do casal. O trabalho clínico pretende, a partir daí, restabelecer a circulação fantasmática e instaurar um novo equilíbrio entre os vínculos narcísicos e objetais. É também proposta da terapia reduzir as identificações projetivas, transformando não ditos em palavras, e restituindo a cada cônjuge o que fora depositado no outro, para que a relação deixe de ser, assim, um sintoma das patologias individuais.


A ARTICULAÇÃO DE DIFERENTES ABORDAGENS

Em Féres-Carneiro (1991), ressaltamos que a dicotomia que divide o campo das terapias de família e de casal - o modo de pensar sistêmico e o modo de pensar psicanalítico - é, às vezes, tomada rigidamente por alguns autores considerados puristas de cada uma destas abordagens e que tal rigidez, ao invés de avançar a produção teórica na área e os desenvolvimentos técnicos decorrentes desta produção, acaba por criar impasses teórico-técnicos a partir de uma polêmica que pode ser, muitas vezes, considerada falsa.
Após 23 anos de trabalho clínico e de pesquisa com famílias e casais, marcados, em alguns momentos, por influências predominantemente sistêmicas e, em outros, por influências predominantemente psicanalíticas, temos buscado, nos últimos anos, refletir sobre a possibilidade de articulação, tanto ao nível teórico quanto ao nível prático, das contribuições destes enfoques.

Como vimos anteriormente, podemos distinguir na terapia familiar e de casal dois grandes enfoques: o interacional sistêmico e o grupalista analítico. Alguns terapeutas propõem um trabalho numa abordagem sistêmica pura, como Haley (1979), enquanto outros pretendem trabalhar numa abordagem psicanalítica sem nenhum suporte sistêmico, como Ruffiot (1981) e Eiguer (1984). Há, entretanto, autores que tentam fazer uma síntese destas duas abordagens, no trabalho com famílias e casais, como Lemaire (1982,1984) e Nicollóp(2).

É nesta possibilidade de síntese, de articulação dos dois enfoques, que estamos sobretudo interessados. Às vezes, falta a algumas abordagens psicanalíticas conceber a família como uma unidade sistêmica indivisível. A terapia familiar e de casal não é a terapia dos indivíduos que compõem a família ou o casal, nem tampouco a terapia do indivíduo em presença da família ou do casal. É essencial estudar a articulação entre o indivíduo e seu grupo familiar e conjugal levando em conta as descobertas mais significativas das abordagens sistêmicas sem se tornar prisioneiro das teorias.

Na perspectiva sistêmica, há uma preocupação com o comportamento e a busca de modificá-lo, o que leva a uma desatenção em relação aos processos psíquicos subjacentes, enquanto na perspectiva psicanalítica há uma preocupação em expressar os desejos inconscientes que estão na origem da disfunção familiar e conjugal.
Mas estas duas concepções teóricas - e as práticas delas decorrentes - são obrigadas, uma e outra, a partir da constatação de que o grupo familiar ou o seu subgrupo fundador - o casal - são grupos organizados, auto-regulados, com uma linguagem própria, regras próprias de funcionamento e mitos próprios.
Nicolló fala de um "rigor elástico", quer dizer, de uma atitude que requer nas disciplinas psicológicas, a intuição, a subjetividade do observador que são insubstituíveis para o conhecimento, quando discute a possibilidade de articulação dos dois enfoques em terapia familiar e de casal.

Lemaire (1984) ressalta a necessidade de uma tríplice chave de leitura, no trabalho com família e casal, que passa pelo intra-psíquico, pelo sistêmicointeracional e pelo social. Para ele, o fato, por exemplo, de o terapeuta conjugal compreender psicanaliticamente os fenômenos inconscientes das identificações projetivas, que estão na base da colusão narcísica do casal, não deve impossibilitálo de lançar mão de desenvolvimento teórico-técnicos das teorias sistêmicas. 
Ele pode, ao mesmo, tempo trabalhar sobre a comunicação, as expressões paradoxais, os duplo-vínculos etc, sem estar impedido de levar em conta processos arcaicos inconscientes que estão em jogo desde o estabelecimento da relação amorosa.

Dependendo do tipo de demanda familiar e conjugal, pode-se escolher um referencial de compreensão mais sistêmico ou mais psicanalítico. É importante escolher um quadro de pensamento mas este não deve ser rígido. A visão sistêmica e a visão psicanalítica não se excluem mutuamente.

Não se trata de afirmar que um modelo é melhor que o outro ou que um grupo detém a solução, mas de poder atender a esta ou aquela família, a este ou aquele casal, na abordagem terapêutica que melhor se adapte ao seu estilo e à sua estrutura psicológica.



Referências Bibliográficas
Anzieu, D. (1975). U Groupe et l'Inconscient. Paris: Dunod.
Bateson, G. (1935). Culture contact and schismogenesis. Man, 35, 178-183.
Bateson, G.; Jackson, D.; Haley, J. e Weakland, J. (1956). Toward a theory of schizophrenia. Behavioral Science, 1, 251-264.
Bertalanffy, L. V. (1973). Teoria Geral dos Sistemas. Rio de Janeiro: Vozes.
Bion, W. R. (1965). Recherches sur les Petits groupes et autres articles. Paris: PUF.
Eiguer, A. (1984). la Thérapie Psychanalitique de Couple. Paris: Dunod.
Féres-Carneiro, T. (1980). Psicoterapia de casal: a relação conjugal e suas representações no comportamento dos filhos. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 32 (4), 51-61.
Féres-Carneiro, T. (1983). Família: Diagnóstico e Terapia. Rio de Janeiro: Zahar.
Féres-Carneiro, T. (1991). Terapia familiar: considerações sobre possibilidade de articular diferentes enfoques.Nova Perspectiva Sistêmica, 19-21.
Haley, J. (1973). Uncommon Therapy: the Psychiatric Techniques of Milton Erickson. New York: Norton.
Haley, J. (1979). Psicoterapia Familiar. Belo Horizonte: Interlivros.
Kaës, R. (1976). L'Appareil Psycho-Group al. Paris: Dunod.
Lemaire, J. (1982). Thérapie familiale et thérapie de couple: convergences et divergences. Dialogue: recherches cliniques et sociologiques sur le couple et la famille, 75, 29-40.
Lemaire, J. (1987). Thérapie de couple et post-modernité. Dialogue: recherches cliniques et sociologiques sur le couple et la famille, 95, 3-15.
Menuchin, S. (1982). Famílias: Funcionamento e Tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas.
Neuburger, R. (1988). L'Irrationnel dans le Couple et la Famille. Paris: ESF.
Pincus, L. e Dare, C. (1981). Psicodinâmica da Família. Porto Alegre: Artes Médicas.
Ruffiot, A. (1981). La Thérapie Familiale Psychanalitique. Paris: Dunod.
Watzlawick, P.; Beavin, J. H.; Jackson, D. (1973). Pragmática da Condição Humana. Rio de Janeiro: Cultrix.
Weakland, J. H e Fish, R.; Watzlawick, P. e Bodin, A. (1974). Brief therapy foccused problem resolution. Family Process, 113 141-168.
Wiener, N. (1948). Cybernetics. New York: Wiley.
Willi, J. (1978). La Pareja Humana: Relación y Conflicto. Madrid: Ediciones Morata.


(1) Depto de Psicologia. Endereço para correspondência: Rua Gal. Góes Monteiro, 8 - bloco D - apto. 2403 22290-080 - Rio de Janeiro - RJ
(2) Nicollô, A. M. (1988). Soigner à l'Intérieur de l'Autre: Notes sur la Dynamique entre l'Individu et la Famille. Roma: Mimeo.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Terapia de Casal


Como a terapia de casal pode ajudar a melhorar a relação

Está com problemas no amor? Esqueça aquela história de que "em briga de marido e mulher ninguém mete a colher"


por Lara Ely

A vida não é como um comercial de margarina. Cada novo ciclo na rotina de um casal é um prato cheio para uma crise, e uma boa conversa nem sempre é capaz de solucionar todos os conflitos. Por isso, a ajuda especializada pode ser a solução para melhorar a relação - ou terminá-la de vez.


O argumento é simples: compreender o outro isento de julgamentos e expectativas é algo complexo. Por isso, a análise e intervenção de um terapeuta de casal pode evitar que você e seu par despejem reclamações e frustrações um sobre o outro. Quando dois mundos diferentes encontram-se em um relacionamento, bagagens culturais, genéticas, mentais, orgânicas, espirituais e financeiras entram em colisão direta. Amaciar esse impacto depende de muita maturidade.
Embora a principal função do terapeuta seja facilitar a comunicação entre o casal, é comum que problemas de dinheiro, traição, criação de filhos e descontentamento sexual levem muita gente a buscar a terapia. E a maioria deixa para pedir ajuda quando a bomba está prestes a estourar. Quem afirma é a terapeuta de família e casal Clarissa Trindade Sant´Anna.
- São poucos que procuram em momento de prevenção, ou quando está iniciando o conflito - explica ela.
A diminuição da admiração e sobretudo do desejo sexual foram os motivos que levaram a secretária-executiva de 59 anos que pediu para não ser identificada a querer dar fim a um casamento de 24 anos. Na época com 45, ela se sentia realizada como profissional, mãe e dona de casa, mas estava longe de se sentir feliz na cama. Decidida pela separação, começou a fazer terapia para tentar tornar menos amargo o sabor do fim.
- Quando ele se deu conta de que não tinha mais jeito, que eu já estava certa do que queria, parou de ir nas consultas - comenta.
O episódio a fez perceber que sua iniciativa pode ter sido tardia:
- Tem de buscar ajuda quando o sentimento começa a mudar - afirma.
No caso dos dentistas Aline, 27, e Rafael Altmann, 32, a história foi outra. Eles começaram a terapia individualmente, cada um por causa própria, até que seus psicólogos recomendaram que consultassen juntos. Iniciaram o tratamento em julho passado. Para a Aline, foi natural falar sobre o relacionamento, pois ela já tinha vínculo com a psicóloga.
Rafael também não teve muito receio: sendo da área da saúde, entendia que o psicólogo era um profissional capaz de fazer diagnósticos e trazer soluções pontuais.

 Comunicação mais eficiente após seis meses 

De cara, esse entendimento facilitou o trabalho dos terapeutas (o casal é atendido por uma dupla de psicólogos, um homem e uma mulher), e instaurou um clima de descontração, fazendo cada sessão parecer um bate-papo entre amigos. Seis meses de sessões conjuntas já fizeram a dupla acreditar que sua comunicação está mais eficiente. Ela está falando mais sobre as situações do cotidiano que antes guardava para si. Ele está procurando não ser tão ríspido em situações desagradáveis.
Questionados sobre a dica que dariam para quem pensa em fazer terapia de casal, eles brincam com a situação:
- É bom saber se o psicólogo atende pelo convênio e o preço da consulta (risos). E é preciso pensar sobre as queixas que serão discutidas - complementam.
Na Capital, o preço médio de uma sessão de terapia de casal  é de R$ 120, podendo variar. As principais correntes teóricas empregadas nos tratamentos são a sistêmica, a psicanálise e a terapia cognitivo-comportamental.

Quando eles puxam a frente 

A mudança da posição da mulher no mercado de trabalho influenciou para que se modificassem muito as relações familiares e amorosas. Segundo Helena Centeno Hintz, psicóloga do Domus - Centro Terapia de Casal e Família, o fato de a mulher trabalhar fora e ser, muitas vezes, a provedora do lar, deixou os homens mais comprometidos na divisão das tarefas domésticas. Isso exigiu deles a tomada de atitude e novas posições dentro da família.
- Na terapia, não se retoma a vida que se tinha no início do casamento, por exemplo. Mas é possível encontrar novas formas de se relacionar. Pode-se mudar os objetivos, diminuir as incomodações - afirma Helena.
Foi assim que o casal Caciano Marques, 31, e Daiana Petroli, 29, conseguiu reencontrar o equilíbrio que buscava: eles adotaram novas estratégias para resolver velhos problemas. Estavam vendo a relação desmoronar por falta de diálogo. E não era por menos: depois de ter a primeira filha, Daiana entrou em uma crise depressiva da qual não conseguia sair. Só tinha vontade de dormir, não conversava, estava sem iniciativa. Arrastada pelo marido até o consultório das terapeutas Patrícia Vidal e Clarissa Carvalho, ela aceitou na marra participar das sessões de terapia. Era isso ou correr o risco de perder o amor de sua vida.
- Eu queria ficar com ele, queria salvar nosso casamento, mas estava totalmente sem condições de cuidar de mim, quem dirá dele.
Conforme o tempo foi passando, Daiana foi se abrindo para o tratamento. Aceitou fazer terapia individual também, passou a administrar as questões que atrapalhavam sua autoestima e, por consequência, foi recuperando a alegria. No andamento, conseguiu ajustar aspectos do comportamento dele que também lhe desagradavam. Os primeiros passos, as terapeutas fazem questão de relembrar:
- Ela trocou as lágrimas por sorrisos, está se arrumando mais, está se reorganizando. Esse ano, eles tiraram as primeiras férias juntos e trocaram alianças - dizem, orgulhosas, Clarissa e Daiana.

HORA DE AJUDA

NASCIMENTO DE FILHOS
Mudanças na estrutura familiar podem abalar as relações. A chegada do primeiro filho, por exemplo, costuma impactar a vida a dois. Neste período, muitos casais deixam de lado a relação em nome da prole. A dica é procurar ajuda aos primeiros sinais de conflito.
SEXO RUIM OU INEXISTENTE
A falta de satisfação sexual com o parceiro(a) é uma das queixas mais recorrentes na terapia de casal. Muitas vezes, essa é apenas a ponta do iceberg. A perda de intimidade ou a diminuição do desejo podem ser armadilhas pregadas pela rotina e pela acomodação.  
 PROBLEMAS FINANCEIROS
É comum que falta de dinheiro, dívidas, desemprego ou insatisfação profissional respinguem nos relacionamentos. Pare para pensar se a reorganização emocional não ajudará a colocar as finanças também em dia. 
 DIVÓRCIO
Separação representa perda, e geralmente é dolorida para um dos lados, pelo menos. Fazer terapia pode tornar menos traumático esse período e evitar desentendimentos.
 TRAIÇÃO
Conversas e troca de mensagens por redes sociais e aplicativos de comunicação muitas vezes abalam a confiança e comprometem a cumplicidade de um casal. Nem sempre a terapia ajuda a perdoar, mas a proposta é fazer com que os casais vivam menos em luta e mais realizados com as suas escolhas.
Fonte: Helena Centeno Hintz, psicóloga do Domus - Centro Terapia de Casal e Família, e Clarissa Trindade Sant´Anna, Patrícia Vidal e Clarissa Carvalho, terapeutas de família e casal

 HISTÓRIAS DE CINEMA

O que assistir sobre terapia de casais
Divã para dois
Kay (Meryl Streep) e Arnold Soames (Tommy Lee Jones) estão casados há 30 anos. O relacionamento entre eles caiu na rotina e há tempos não tem algum tipo de romantismo. Querendo mudar a situação, Kay agenda para ambos um fim de semana de aconselhamento com o dr. Feld (Steve Carell), que passa a lhes dar conselhos sobre como reavivar a chama da paixão.
A História de Nós Dois
Após 15 anos o casamento de Ben (Bruce Willis) e Katie Jordan (Michelle Pfeiffer) entra em crise. Assim, eles se separam na mesma época em que seus filhos Josh (Jake Sandvig), de 12 anos, e Erin (Colleen Rennison), de 10, estão em um acampamento de verão. Separados, cada um tenta recomeçar sua vida em cantos neutros, aproveitando o período para avaliar e refletir sobre a vida que tiveram juntos, com seus altos e baixos, e tentam concluir se ainda há algo de sólido nesta relação que permita uma reaproximação.
Sr. e Sra. Smith
Jane e John Smith, interpretados por Brad Pitt e Angelina Jolie, contam detalhes explosivos de sua vida. Vítimas de amor à primeira vista, os dois vivem numa casa cinematográfica. Mas a paixão já não é mais a mesma _ situação que dura até serem contratados para uma mesma missão secreta que poderá reacender a chama dessa paixão.
Websérie Porta dos Fundos _ Sessão de Terapia
O casal de atores e roteiristas Gregório Duvivier e Clarisse Falcão participa de uma sessão de terapia para falar sobre problemas conjugais. Com humor e sarcasmo, eles remetem a questões da história para explicar seus problemas de relacionamento. 
 fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/noticia/2014/01/como-a-terapia-de-casal-pode-ajudar-a-melhorar-a-relacao-4392955.html

quarta-feira, 11 de março de 2015

Terapia de Casal

Psicólogo e Sexólogo Paulo Bonança

Terapia de Casal
Não espere a separação para mudar o que está ruim no relacionamento

Fonte: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/11300-nao-espere-a-separacao-para-mudar-o-que-esta-ruim-no-relacionamento


O diálogo é a melhor forma de resolver os problemas entre um casal

ARTIGO DE ESPECIALISTA PUBLICADO EM 13/05/2010
Marina Vasconcellos PSICÓLOGO - CRP 35300/SP

Quem já não ouviu falar em casais que se separam e, após algum tempo, voltam a namorar (entre si)? Pois é mais comum do que podemos imaginar. Infelizmente as pessoas costumam deixar os problemas atingirem níveis quase insuportáveis para buscar uma ajuda e uma solução. O temor ou a incapacidade do diálogo entre os casais é a principal causa dos conflitos que acabam levando à separação

É triste, mas só depois que um deles desiste de lutar contra algo que não está bem, mesmo tendo tentado à sua maneira enfrentar o problema, e divorcia-se, é que a "ficha cai" para o parceiro.

Tentativas frustradas de conversas, em que um tenta, em vão, dizer ao outro o que não está bom e o que o incomoda, mas não é levado a sério como deveria, chegam a um estopim que parece só se aliviar com a separação.

A partir da dor da distância o cônjuge inconformado, que não ouvia as queixas do outro, passa a querer se modificar, tentando entender porque, afinal, não davam certo juntos. Só então ele se analisa - às vezes procura uma terapia para auxiliá-lo nessa busca interna por respostas -, e começa a modificar seu comportamento a partir dos pontos que o outro apontava, mas que antes eram simplesmente encarados como cobranças (e quem gosta de ser cobrado?).

Tive a oportunidade de presenciar casais que se separaram e, a partir daí, começaram uma nova vida reestruturando a rotina, as atitudes, ampliando os pontos de vista e enxergando o "ex" com outros olhos, sem resistência, sem falta de paciência, sem o escudo que colocamos à nossa frente quando não queremos ou não podemos ver algo, pois é difícil ou dolorido encarar a verdade e assumir determinados erros. 

Devo mudar meu comportamento só porque o outro está pedindo?

Não, não estou dizendo isso. Quero dizer que o casamento é a melhor forma das pessoas se conhecerem, pois o outro é, por muitas vezes, nosso espelho, dando-nos "feedback" das nossas atitudes, fazendo-nos perceber como podemos provocar sentimentos bons ou maus no próximo a partir do que fazemos, e de como fazemos. Estar aberto para esse retorno de quem convive conosco e aproveitar para se olhar, rever as atitudes, é uma ótima chance de crescimento como pessoa.

Nem sempre o olhar do outro pode estar certo, mas vale o questionamento a partir daí. Por que não acolher e discutir com ele seu ponto de vista? Se forem muito discordantes, aí sim vale um investimento maior em uma terapia de casal, ou individual, para que consigam resolver essas diferenças antes que elas destruam o relacionamento.  


Esse é o ponto: muitos casais sofrem terrivelmente porque um não ouve o que o outro tem a dizer, e se fecha em sua "verdade" absoluta, recusando-se a rever algo que incomoda muito o cônjuge, por achar que é assim e deve continuar assim.

Não podemos esquecer que a relação é feita de duas pessoas, e quando algo de um está incomodando, deve-se falar a respeito e tentar resolver. Deixar quieto o que não vai bem só resultará em um amontoado de queixas, que tendem a crescer com o tempo, minando o amor que um dia uniu o casal.  
Fonte: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/11300-nao-espere-a-separacao-para-mudar-o-que-esta-ruim-no-relacionamento

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Terapia de Casal

Psicólogo e Sexólogo Paulo Bonança

Terapia de Casal
Rio de Janeiro - RJ
Copacabana
www.paulobonanca.com
Contatos: consultório: (21) 2236-3899 celular: 99783-9766








40% dos casais apresentam algum tipo de dificuldade sexual
por Arlete Gavranic

Sexo se aprende - "Outro erro é achar que sexualidade não precisa de aprendizagem, tem de saber! Esse mito causa angústia, insatisfação e muita frustração"

Pequena parte das dificuldades sexuais é de origem física. A maioria dessas dificuldades é resultado de uma educação sexual repressora, distorcida; de emoções como medo ou culpa associados ao prazer corporal.

Além, é claro, de uma dificuldade de falar de si, de ouvir o outro, e de construir junto uma relação baseada em afeto e sensualidade.

É assim que muitos casais chegam em busca de terapia sexual. Muitos conhecem pouco do próprio corpo, conversam pouco, deixam de namorar, ousar e trocar carícias. Sem contar a troca de acusações mútuas.

É comum a resistência em buscar tratamento para tais dificuldades. Muitos temem assumir uma determinada dificuldade sexual. Para eles isso poderia denotar uma perda de poder ou ser a causa do problema.

Mas o maior problema não é ter a dificuldade, mas não ter uma atitude de busca que possa melhorar ou até resolver a situação.

Vejo nessa questão o motivo de muitos virem escondidos de seu parceiro em busca de terapia. É como se não pudessem assumir que precisam de ajuda, principalmente no âmbito sexual, embora isso também ocorra em casos de depressão.


Tirania

Alguns podem ser tiranos, menosprezam o parceiro(a) - às vezes publicamente -, desqualificam sua performance sexual, questionam seu empenho na terapia: acusando que está demorando para melhorar ou que ainda não está como o outro deseja.

Alguns vivem “relembrando” o parceiro(a) de seus defeitos ou manias para ele(a) levar para a terapia. É como se nessa relação houvesse uma disputa de poder, um precisando sentir-se melhor que o outro. E fazem isso demonstrando sua descrença na melhora do outro.

Há também aqueles que não se mobilizam a ajudar, nem mesmo a perguntar ou a se propor a participar, ficam à espera de que o outro melhore, sem investir em estar junto.
Muitas dessas atitudes demonstram uma co-dependência do casal, onde a “dificuldade” do outro alimenta um vínculo que mantém a relação, mesmo que desconfortavelmente.

Na sexualidade é comum encontrarmos parcerias com receio da melhora sexual da outra parte. É como se emocionalmente sentissem que enquanto o outro não tem confiança sexual, não irá abandonar a relação, e por isso, muitas vezes se desinteressam ou desqualificam o processo do outro.

O processo de terapia também ajuda a repensar e a romper uma mania idealizada e alimentada socialmente: temos que ser fortes e não podemos falhar. Outro erro é achar que sexualidade não precisa de aprendizagem, tem de saber! Esse mito causa angústia, insatisfação e muita frustração. Até os super-heróis têm suas fragilidades e isso não tira deles seu poder.

Casais unidos no desejo de viver bem atingem o sucesso mais facilmente nos tratamentos relativos à sexualidade. Isso porque ambos se comprometem no tratamento, seja qual for a disfunção sexual do parceiro. O problema não é fonte de acusações ou desvalorização, do outro, mas sim do casal.

Mas nem sempre é assim. Muitos apesar de se gostarem não têm toda essa sintonia. Mas se o afeto e o desejo de continuarem juntos é presente nos dois, essa sintonia pode ser estimulada através da conscientização do papel de ser parceiro(a). Ou seja, de que uma relação necessita de troca, afeto, sensualidade e comprometimento. É necessário ter atitudes construtivas no caminho de superar dificuldade de qualquer ordem, inclusive a sexual.

Na solução do problema reside a melhoria de vida do casal, da autoestima e autoconfiança.


*Essa é uma estimativa de Carmita Abdo: médica, professora de psiquiatria e coordenadora geral do ProSex, Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Outras fontes que trabalham com esse índice: Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, Sociedade Brasileira de Urologia e Instituto Brasileiro de Sexologia e Medicina Psicossomática.



Fonte: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/dificuldade_sexual.htm